Saí do Brasil e renasci

Saindo do Brasil

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Decidi sair do Brasil pelo menos uns 20 anos antes de sair de fato. Lá no post Porque Decidi Sair do Brasil conto como foi isso.

Depois de um intercâmbio no Canadá, a vida de volta ao Brasil não era mais a mesma. Alguma magia acontece quando passamos a fronteira de outro país, que muda completamente nossa percepção sobre a vida. Alguns ficam mais exigentes, outros mais humanos. O fato é que essa é uma experiência pela qual todos deveriam passar, quando ainda jovens. Mas não falo só de viagem de férias para tirar fotos em lugares bonitos e famosos. O legal de uma viagem ao exterior é conhecer a diferença na cultura, a rotina, o funcionamento da administração pública, o comportamento das pessoas nos lugares públicos, o que fazem para viver e para se divertir, como se relacionam. Isso é intercâmbio!

Foi essa magia que me fez mais infeliz e com crises de depressão nos meus últimos anos no Brasil, e que me animou a realizar meu sonho de viver no “primeiro mundo”.

Para muitos, o Canadá é frio demais, mas para mim ele é encantador. Hoje posso dizer que as pessoas têm razão, o Canadá é mesmo gelado no inverno – e no verão é absurdamente quente – mas eu também tenho razão quando digo que ele é maravilhoso.

Antes de chegar ao Canadá passei alguns dias em Nova Iorque, minha cidade dos sonhos, e peguei um ônibus até Toronto, minha nova cidade do coração. Quando vi a placa da fronteira canadense… Que frio na barriga! Eu estava começando uma nova vida!

Fronteira EUA x Canadá, em Toronto.
Foto tirada de dentro do ônibus, na imigração.

 

E eu tinha mesmo que recomeçar minha vida: nova casa, novo trabalho, novos amigos, tudo novo, tudo diferente. Conforme os dias passavam e eu conhecia melhor meu novo lugar, batia um arrependimento sufocante: Por que eu não vim antes? A felicidade não pode esperar, a vida muito curta para isso.

O mais importante nessa mudança era encontrar o que eu buscava: segurança, tranquilidade, valorização do meu trabalho e do meu dinheiro, boa educação e respeito em sociedade. Anos depois e algumas viagens mais, hoje afirmo sem receio, que eu estava certa quanto à minha escolha.

É muito fácil e rápido acostumar-se com o que é bom.

No Canadá quase não vemos lixo nas ruas, a limpeza é constante e a população respeita; o transporte público é de qualidade e muitas pessoas não têm carro porque não querem; o uso da bicicleta como meio de transporte, além de diversão, é fortemente incentivado, com faixas exclusivas para ciclistas, locais para guardar e até espaço especial nos ônibus; os motoristas e pedestres realmente respeitam a sinalização de trânsito.

Sobre a segurança? Não há portões ou grades nas casas, a porta da sala dá direto para a calçada e ninguém se preocupa se esquecer de trancá-la; as pessoas andam nas ruas a qualquer hora do dia ou da noite, sem medo; os bancos não possuem porta giratória, nem seguranças armados, funcionam inclusive aos finais de semana, e os caixas eletrônicos ficam nas calçadas. Ah, bebida alcoólica é proibida em locais públicos e controlada em locais privados.

Quanto à infraestrutura, há muitos parques públicos, gratuitos e muito bem conversados; todo comércio tem aquecimento, então ninguém passa frio no temido inverno canadense que tanto reclamam; as escolas e hospitais públicos são melhores que os particulares.

Mas o melhor é que qualquer trabalhador com salário mínimo, consegue pagar por todas as suas necessidades básicas, sem sufoco; não existe favela, todos têm uma casa digna e com aquecedor.

Como não gostar de viver em um lugar assim? A gente acostuma fácil.

Toronto - Canadá
Em solo canadense.

Não consigo voltar para o Brasil

Depois de passar um tempo em um lugar que te protege, te valoriza e te respeita como ser humano, mesmo não sendo parte real dele, é impossível aceitar menos. Sempre me perguntam quando voltarei ao Brasil. Isso realmente não passa pela minha cabeça. Se eu já tinha capacidade crítica suficiente para partir, ela está ainda mais forte depois dessa experiência, e eu não conseguiria me readaptar aos maus costumes da minha terra natal. É algo inimaginável.

Cada um tem um sonho e uma prioridade e devemos respeitar isso. Minha família respeita minha decisão e torce pela minha felicidade, mas às vezes percebo que eles ainda não entenderam a diferença desses mundos opostos. Como viajo bastante e já morei em outros países, vez ou outra alguém me diz para ter cuidados com terroristas ou me proteger das catástrofes naturais. Eu só posso responder que temo mais por eles do que por mim. Viver em um país com essa elevada taxa de criminalidade que é a brasileira é mais arriscado do que viver no meio da guerra – e isso pode ser facilmente comprovado pelas estatísticas disponíveis em sites oficiais.

Hoje sou mais feliz, tranquila, trabalho no que gosto, tenho tempo e dinheiro para fazer o que quero, caminho pelas ruas sem medo, enfim, meu emocional está recuperado. Eu renasci!

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